Morre Irving Penn, aos 92 anos


O fotógrafo norte- americano Irving Penn, um dos maiores nomes da história da fotografia, morreu no passado, dia 07 de Outubro em Nova York, aos 92 anos. A causa da morte não foi revelada. Penn é autor de retratos definitivos de algumas das maiores personalidades do século 20, como Pablo Picasso, Martha Graham, Igor Stravinsky, Marlene Dietrich, Tennessee Williams e Miles Davis. Além dos retratos de grandes nomes da arte, Penn também fez importantes trabalhos na área de moda (publicou em revistas como a Vogue e a Harper’s Bazaar) e experimentos em naturezas mortas. Seu período mais produtivo foi nas décadas de 1940 e 1950. Nessa época, revolucionou a fotografia de moda ao colocar as modelos diante de uma simples parede de cor discreta e uniforme. Mais do que isso, ousou dispensar os grandes aparatos de iluminação da clássica fotografia de moda (e também das imagens das estrelas de Hollywood), revalorizando a luz natural e a sensualidade dos seus efeitos na pele humana.

A paixão pelo concreto — dos corpos e de todas as matérias — levou-o a praticar regularmente a natureza morta, quase sempre combinando, em arranjos hiper-elaborados, materiais "mortos" (peças de metal, máquinas, etc.) com frutos e elementos vegetais. Para a Vogue, assinou espantosas fotografias de entidades da vida prática — legumes e diversos condimentos gastronómicos, bâtons, caixas de cremes de maquillage, etc. — que tratava como verdadeiras e monumentais peças escultóricas.
Por certo a partir de tais pressupostos, a partir do começo da década de 70 começou a recolher nas ruas pontas de cigarros para as fotografar no seu estúdio, apresentando-as depois em retratos gigantes, desafiando todas as proporções humanas — essa série constitui uma das mais eloquentes expressões de uma atitude eminentemente pop em que a reconversão formal dos detritos celebra uma visão funcional e descomplexada da arte, ao mesmo tempo valorizando o seu papel político de intervenção contra os efeitos correntes do consumo.


Em boa verdade, nos seus muitos gestos revolucionários, Penn foi um primitivo que acreditou na fotografia como uma tarefa ciclópica, não de "reprodução" do mundo, antes de metódico confronto com o desejo que os objectos e os seres inscrevem nos nossos olhos.

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